SOBRE
Os Primatas são um grupo animal que sempre despertou grande interesse, não só na comunidade científica, mas também no público em geral, devido em grande parte às suas características morfológicas e proximidade evolutiva com o Ser-humano.
Apesar de Portugal não ser habitat natural de nenhuma espécie de primata para além da nossa, a comunidade científica nacional que se dedica ao estudo deste grupo animal tem desenvolvido estudos que contribuem amplamente para o aumento do conhecimento e protecção de diversas espécies de primatas não-humanos e, consequentemente, para as áreas da evolução e do comportamento humano. Assim, a organização e promoção de eventos onde seja dada a conhecer a contribuição nacional e lusófona para a área da primatologia é de extrema importância.
No dia 17 de Julho de 2018 decorreu o primeiro “Encontro Aberto de Primatologia” que contou com 100 participantes da comunidade, com a presença de 45 investigadores e estudantes interessados na área de primatologia.
O encontro foi uma oportunidade de partilha da investigação portuguesa e lusófona em primatologia, criado de forma a funcionar como veículo de comunicação entre cientistas e cidadãos. Foi uma oportunidade para a população em geral poder conhecer em primeira mão como se faz, comunica e debate em "Ciência", promovendo o seu envolvimento activo no evento através de actividades, como a avaliação de comunicações e de fotos. Com enorme prazer recebemos como oradores principais a Profª Carla Castro, que apresentou o tópico sobre a relação dos primatas humanos com os primatas não-humanos na região Nordeste do Brasil, e Paulo Figueiras, diretor do Zoo de Lagos, que conduziu uma apresentação sobre a importância do papel dos zoológicos na conservação e na educação do meio ambiente.
Dado o sucesso do primeiro encontro, estamos a organizar o “2º Encontro Aberto de Primatologia”, que decorrerá no dia 4 de Novembro de 2023 em Almada. Esta segunda edição pretende, novamente, fomentar um espaço de partilha de conhecimento entre a comunidade científica e não-científica, de uma forma simples e acessível para todos.
A divulgação do trabalho feito na área da primatologia é fundamental, sobretudo numa altura em que se estima que 60% das espécies de primatas se encontram ameaçadas em todo o mundo. Investigadores acreditam que se acções coordenadas não forem tomadas imediatamente, muitas espécies terão menos de 25 anos até enfrentarem a extinção. A extinção destas espécies significa uma perda profunda no ecossistema global e uma mudança com consequências prejudiciais no mundo natural que hoje conhecemos. Deste modo, é do interesse de cada um de nós trabalharmos para abrandar e, eventualmente, parar este declínio!
Convidamo-lo a participar neste evento, como cidadão curioso sobre a vida fascinante dos primatas e/ou como difusor do trabalho científico desenvolvido actualmente na área da primatologia. Trabalhos científicos, projectos de conservação de primatas em habitat selvagem ou do seu maneio em cativeiro, poderão ser apresentados neste Encontro sob a forma de poster ou comunicação oral (para mais informações ver Regras de Submissão).
Oradores
Augusta Gaspar
Augusta Gaspar é Licenciada em Psicologia pelo ISPA, Mestre em Psicologia Educacional (ISPA,1992), Mestre em Etologia (ISPA,1996), Doutora em Antropologia (FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 2002,), e fez Pós- doutoramento em Psicologia Experimental e Psicofisiologia durante 6 anos (ISCTE-IUL, concluído em 2013). O seu curriculum é marcado pela formação, investigação e ensino interdisciplinares em Psicologia, com forte cunho em Psicologia das Emoções e Psicobiologia e com ligação robusta à Biologia e à Antropologia, e desde o seu pós-doutoramento, também à Psicologia experimental e à neurociência. É atualmente Professora Associada da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa (UCP), onde coordena a Área científica/departamento de Psicologia desde 2018. É docente no ensino superior desde 2001, tendo iniciado esta atividade na Licenciatura em Biologia da Universidade Lusófona, onde colaborou até 2014; lecionou também Psicologia no ISCTE entre 2006 e 2019, ingressou na UCP em 1013-2014 e desde 2016 leciona pontualmente na MidSweden University. Tem desenvolvido uma atividade científica centrada em vários aspetos das emoções (comportamento expressivo, perceção, experiência subjetiva e medidas fisiológicas, aplicações de intervenção e terapêuticas com videojogos e realidade virtual). Tem coordenado grupos científicos, projetos de investigação financiados e não financiados e participado em projetos financiados nacionais e internacionais, supervisionado dezenas de dissertações e teses. Foi membro da Direção da Sociedade Portuguesa de Etologia entre 2001 e 2012 e um dos membros fundadores da Associação Portuguesa de Primatologia (2004). Serve na Ordem dos Psicólogos Portugueses, enquanto membro do Fórum Nacional (conselho científico), desde 2020. Tem cerca de 70 publicações com revisão de pares em Psicologia e Ciências do comportamento, mais de 100 comunicações científicas, a coordenação de projetos e grupos científicos, organização de eventos, supervisão, revisão de artigos e participação em júris académicos, registando também substancial atividade de divulgação científica e participação em comissões académicas e associações científicas. Na Primatologia tudo começou em 1991 com o plano de estudar expressões faciais em chimpanzés. Mas o pequeno projeto ainda em tempo de faculdade e em parceria com a sua então colega de Psicologia Edite Reis no zoo de Lisboa, rapidamente se transformou num projeto de enriquecimento de cativeiro e estudo dos efeitos comportamentais dessa intervenção, pois não existiam condições para outro tipo de investigação. Mais tarde, sob co-supervisão de Vitor Almada e James E. King, estudou a personalidade em chimpanzés, retornando ao estudo do comportamento facial em 1997 com os trabalhos de doutoramento, co- supervisionados por António Bracinha Vieira e Vítor Almada, estudando chimpanzés e bonobos e produzindo o primeiro relatório sistemático e descritivo das expressões faciais destes grandes símios, numa perspetiva comparativa e tendo em vista a compreensão da evolução do comportamento facial, em particular daquele que se liga às emoções. O estudo das expressões faciais prosseguiu com chimpanzés, bonobos, gorilas e crianças humanas até 2013, envolvendo diversas parcerias institucionais, como a Fundação Mona. Desde 2010 estuda a perceção humana do comportamento expressivo dos grandes símios e dos próprios humanos e a empatia, incluindo a empatia com animais. Atualmente, lidera um projeto destinado a usar a empatia para promover a mudança comportamental, no sentido do consumo ético e da conduta pró- ambiental.
Tânia Minhós
Tânia Minhós é docente no departamento de Antropologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCSH), coordenadora da licenciatura de Antropologia e investigadora sénior no Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA). Formada em Antropologia Biológica pela Universidade de Cardiff (UK), é também autora de 15 publicações científicas em encontros nacionais e internacionais, e já atuou como supervisora em um total de 10 teses de licenciatura e mestrado. A sua investigação combinada dados interdisciplinares e é maioritariamente focada na evolução e adaptação dos primatas não-humanos. Com mais de 15 anos de experiência em investigação de campo na Africa Ocidental, Tânia Minhós combina metodologias de diferente aéreas científicas (ecologia, genética, comportamento) com o propósito de abranger o conhecimento científico nas relações entre humanos e primatas não humanos e nos desafios presentes na conservação de espécies em ambientes antropogénicos.
Programa
9:00 - 9:30
Registo
9:30 - 10:00
Sessão de Abertura: Comissão Organizadora EAP II
10:00 - 10:45
Sessão Plenária: Professora Tânia Minhós
10:45 - 11:25
Painel Genética da Conservação
Filipa Borges et al.: Conservação de primatas na Serra Leoa – comunidades humanas em paisagens partilhadas
Maria Joana Silva et al.: Genética da conservação dos primatas da Guiné-Bissau: uma revisão da literatura dos últimos 15 anos e implicações para a gestão das populações
11:25 - 11:40
Pausa para café
11:40 - 12:20
Painel Bem-Estar: Cativeiro e Populações selvagens
Maria Margarida Páris: Efeitos do Enriquecimento ambiental no bem-estar de um casal de Gibões-de-mãos-brancas.
Raquel Costa et al.: Pessoas e gorilas, do Uganda ao Japão: os impactos das interações entre turistas e gorilas, no seu comportamento e na conservação da espécie.
12:20 - 13:00
Painel de Ciência e Sociedade
Filipa Borges et al.: Cartas com Ciência: troca de cartas entre cientistas e estudantes em língua portuguesa.
Raiane dos Santos Guidi et al.: (apresentado por Carla Castro): A representação de gênero em atividades realizadas por mulheres na primatologia do Brasil.
13:00 - 14:30
Pausa para almoço
14;30 - 15:15
Sessão Plenária: Prof. Augusta Gaspar
Quem vê caras, vê o quê? O que aprendemos a estudar grandes símios e humanos.
15:15 - 16:35
Painel Evolução
Daniela Rodrigues et al.: “Bebeguês” em chimpanzés: explorando as origens evolutivas da fala.
Lucas Albuquerque Freire et al.: (apresentado por Carla Castro): Quebrando cocos: uso de ferramentas por macacos prego (Sapajus libidinosus) em área de caatinga, em Pernambuco, nordeste do Brasil.
André Pereira et al.: Estrutura de parentesco de grupo em primatas e noutros mamíferos.
Ângela Brandão et al.: Quão diferentes são os lémures? Um estudo comparativo da personalidade dos lémures-de-cauda-anelada (Lemur catta) e dos lémures-vermelhos (Varecia rubra).
16:35 - 16:50
Pausa para café
16:50 - 17:35
Sessão de Posters
Chloe Chesney et al.: Proteger os Grandes Símios das Doenças: desde a avaliação do cumprimento de regras pelos visitantes e o desenvolvimento de materiais educativos até...
Luisa Rosa: Enriquecimento Ambiental em Pan troglodytes: Efeitos na colónia alojada no Badoca Safari Park.
Angela Brandão & Diana da Silva: Ausência de capacidade de permanência do objecto no sagui-pigmeu (Cebuella pygmaea) poderá ser devida à falta de memória de curto prazo?
17:35 - 18:00
Entrega de Prémios e Sessão de Encerramento:
Comissão Organizadora
Desde a planície até à montanha: ecologia, comportamento e conservação de gorilas (Gorilla sp.)
Os gorilas estão entre as espécies de primatas mais ameaçadas do mundo, habitando regiões específicas da África Central e dependendo de florestas luxuriantes de dificil acesso. Mas entre ameaças ao habitat pela destruição das tais florestas, caça e risco de doenças transmitidas pelo Homem, os gorilas adaptam-se a uma paisagem cada vez mais antropizada, mantendo-se como simbolos da necessidade de conservação das forestas e cooperação entre comunidades. Serão abordados temas como turismo ético, sensibilização das pessoas para os problemas de exploração de minério e tráfico, bem como questões relacionadas ao bem-estar animal em cativeiro.
A Dra. Raquel Costa vai traçar um panorama geral das
características da espécie, contextualizando com as ameaças
actuais às populações selvagens e dificuldades de maneio
das populações cativas.
Horário (provisório): 13:45 - 15:45
Fotografia Raquel Costa
Macaco prego galego (Sapajus flavius): o que sabemos e o que fazemos para conservação da espécie
O Brasil é uma das áreas mundiais (hotspot) que abriga elevada biodiversidade, sendo o país com o maior número de primatas conhecidos (140 espécies e subespécies), em que 40% das espécies encontram-se ameaçadas de extinção. A espécie Sapajus flavius faz parte das espécies de primatas brasileiros, mas ficou desconhecida por mais de 200 anos até ser redescoberta por Oliveira & Langguth (2006). É uma espécie endémica do nordeste do Brasil e suas populações habitam fragmentos de Floresta Atlântica. Está classificada como uma espécie em perigo de extinção, principalmente, devido à fragmentação e perda do seu habitat.
A Dra. Carla Castro, professora e investigadora na Universidade Federal da Paraíba, abordará temáticas relacionadas ao comportamento e ecologia da espécie desde que foi redescoberta, as mudanças nos habitats por atividades antrópicas e as pressões sobre as populações selvagens, bem como apresentará os esforços que se estão a realizar para a conservação da espécie.
Horário (provisório): 16:15 - 18:15
Fotografia Sandra Rodrigues da Silva
Regras de Submissão de Abstracts
Trabalhos científicos nas diversas áreas da primatologia, e projectos de Conservação de Primatas em habitat selvagem ou do seu maneio em cativeiro, poderão ser apresentados neste encontro sobre a forma de póster ou apresentação oral. Ambos os formatos de apresentação deverão seguir o padrão de artigo científico (introdução, metodologia, resultado e discussão) por forma a garantir a informação completa e o rigor científico.
Dado este Encontro ser também uma ponte de ligação ao público geral, os trabalhos devem ser apresentados em português e a linguagem utilizada deverá ser simples e de fácil compreensão. Terminologias específicas, deverão ser acompanhadas por uma breve explicação (i.e. catagem – acto de limpeza do pêlo ou pele, que poderá ter também função social). Este requerimento estende-se a ambas as formas de apresentação – oral e póster.
As apresentações serão avaliadas por todas as pessoas presentes no Encontro, incluído o público não especializado, que votará na melhor apresentação e no melhor póster apresentados no Encontro. Esta actividade pretende envolver o público não científico e dotá-lo de uma responsabilidade na actividade científica. Os prémios atribuídos aos vencedores serão simbólicos (a informar no dia do evento) mas a sua vitória será mencionada no livro final de resumos dos trabalhos apresentados no Encontro.
A data limite para submeter comunicações é 11 de Setembro.
A submissão deve ser feita por e-mail, para eaprimatologia@gmail.com, com o título "Comunicação Encontro Aberto de Primatologia”.
A submissão deve incluir as seguintes informações:
• Título da comunicação.
• Nome e afiliação dos autores (incluindo e-mail), com indicação do autor que apresenta a comunicação.
• Resumo do trabalho, com o máximo de 300 palavras.
• 5 palavras chave.
• Indicação de preferência por apresentação oral ou em póster.
Os autores receberão a 10 de Outubro, por email, a informação sobre a aceitação da comunicação, e sobre se foi selecionada para comunicação oral ou em poster. A aceitação final de comunicações depende de o autor que apresenta a comunicação efectuar a sua inscrição.
As comunicações orais devem ter 15 minutos + 5 minutos de discussão. Se o orador utilizar os 20 minutos não terá direito a perguntas.
As comunicações em póster devem ter as seguintes dimensões: 0,80 m de largura por 1 m de altura.
Associada à apresentação em póster, poderá existir outra forma de comunicação do trabalho (i.e. vídeo, maquete, etc) que pretenda esclarecer ou transmitir a ideia chave do projecto. No entanto, a logística tecnológica requerida será da responsabilidade do autor da proposta e deverá ser autorizada previamente pelo comitê científico do Encontro.
Inscrições
A inscrição deverá ser efectuada através de transferência bancária.
Titular: Associação de Professores do Concelho de Almada
Banco: Montepio
IBAN: PT50 0036 0229 99100172944 10
Após a transferência é necessário que nos seja enviado o comprovativo por e-mail (eaprimatologia@gmail.com) de modo a que o pagamento seja localizado no extracto bancário.
Por favor indique-nos o nome e NIF no acto da inscrição. Os participantes que beneficiem das taxas de estudante deverão enviar também um comprovativo da sua condição de estudante.
Custos de Inscrição:
Estudantes - 8€
Investigadores - 12€
Comunidade - 10€
Concurso de Fotografia
O concurso de fotografia pretende ser uma forma diferente de difundir o trabalho realizado pelos primatólogos portugueses. Simultaneamente, pretende-se sensibilizar o público geral para as diferentes espécies de primatas.
Serão aceites fotografias de todas as espécies de primatas, em cativeiro ou habitat selvagem. Cada autor poderá submeter 2 fotografias. Cada fotografia terá de ser da autoria do próprio, e acompanhada pelo nome comum e cientifico do primata, o local e data do momento da captura, e de uma breve descrição do evento. As fotografias deverão ser do tamanho A4 a cores ou preto e branco. A impressão da fotografia pertence à responsabilidade dos autores.
A votação ocorrerá durante o dia do Encontro e o vencedor anunciado durante o discurso de encerramento. Os prémios atribuídos aos vencedores serão simbólicos (a informar no dia do evento) mas a sua vitória será mencionada no livro final de resumos dos trabalhos apresentados no Encontro.
Concurso de Ilustração
Pela primeira vez, estamos abertos à recepção de trabalhos de ilustração alusiva aos primatas e seu contexto.
Os trabalhos de ilustração serão numerados e a escolha da melhor ilustração será realizada pelos assistentes do encontro. As ilustrações deverão ser do tamanho A4.
O prémio será simbólico (a informar no dia do evento) mas a sua vitória será mencionada no livro final de resumos dos trabalhos apresentados no Encontro.
Jantar Social
Mercado da Romeira
Travessa da Praia, 100, 2805-194 Almada
19 horas
